Resenha: The Cambridge Companion to St. Paul, por James Dunn (ed.)

The Cambridge Companion to St. Paul, por James Dunn (ed.). 2003, 301 páginas.


St Paul

Como é já da tradição das coleções “The Cambridge Companion”, esse volume sobre São Paulo, editado por James D. G. Dunn, é uma obra sintética e introdutória sobre os principais temas desenvolvidos por Paulo em seu corpus.

Cada capítulo foi escrito por um acadêmico de peso no mundo anglo-americano, tais como Stephen Barton (Durham), Larry Hurtado (Edimburgo), Andrew Lincoln (Portland), Brian Rosner (Austrália) e Ben Witherington III (Asbury).

Na primeira parte do livro, há uma análise da vida de Paulo, considerando aspectos de sua conversão, sua missão entre os gentios e seu ministério pastoral. Na segunda parte, cada carta de Paulo é introduzido aos leitores, em ordem cronológica de escrita, abordando questões importantes como a própria autoria (se é ou não de Paulo) e temas principais. Na terceira parte, os autores desenvolvem uma “Teologia de Paulo” destacando cinco eixos fundamentais: O seu background teológico judaico, o Evangelho, a Cristologia, a Eclesiologia e a Ética. Na última parte do livro, há uma boa discussão sobre o legado e a influência de Paulo em nossos dias.

Os capítulos são relativamente curtos (18 capítulos num livro de 301 páginas) e a linguagem é simples. Entretanto, muitos conceitos importantes em Paulo são abordados de uma maneira bem superficial, o que pode dificultar a leitura dos leigos. A obra é uma boa introdução à teologia de Paulo que leva em conta não apenas a abordagem mais clássica do tema mas também discussões mais atuais, e.g. Nova Perspectiva.

Cabeça de burro ou A Face de Deus?

Alexamenos adora (seu) deus
Alexamenos adora (seu) deus

Em 1857 foi descoberto um antigo “grafite” que data do séc. II da Era Cristã. Retrata uma pessoa adorando um homem crucificado com a cabeça de um burro. Dizem que muitos romanos pensavam que os cristãos praticavam a onolatria (culto ao burro). O nome do “adorador” era Alaxamenos. A inscrição feita em grego antigo diz: “Αλεξαμενος ϲεβετε θεον”, ou seja, “Alexamenos adora (seu) deus“.

Os estudiosos são unânimes em afirmar que esse “grafite” romano era uma forma de escarnecer a prática da adoração de uma comunidade dita cristã a um judeu crucificado na Judeia, sob o governo de Pôncio Pilatos: Jesus de Nazaré.

O Dr. Larry Hurtado explica esse “grafite” dizendo:

“Essa “escultura” foi encontrada em uma pedra em um recinto na Colina Palatina (…) Ele mostra um opinião a respeito de Jesus e de seus adoradores posteriores em Roma, que não era muito positivo” (in Jesus among friends and enemies, pág. 10).

A nossa tendência é estranhar o fato da mensagem do Evangelho gerar tanta repulsa em nosso mundo moderno. Bobagem: as boas novas de Jesus sempre geraram incompreensão e intolerância por parte de muitos dos seus ouvintes ao longo da história. Era inconcebível para um romano ou para um grego, por exemplo, ter como um deus alguém que fora morto da forma como Jesus morreu. Mais incompreensível ainda era a alegação dos cristãos de que esse crucificado havia ressuscitado ao terceiro dia. E quanto aos judeus? Jesus era a vergonha em pessoa: a ovelha negra, o apóstata da religião de Moisés.

Se antigamente Jesus foi comparado a um burro-humano crucificado, o que diremos dos dias de hoje? Já vi Jesus sendo comparado a desde os mais sanguinários assassinos até aos mais ingênuos utopistas.

Olhando com cuidado à esse “grafite”, veio um questionamento direcionado a mim mesmo: Será que esse Alexamenos adorou esse homem crucificado com o entendimento correto de QUEM Ele, de fato, era? E eu, que Jesus estou adorando? Qual a visão que o mundo secular tem acerca desse Jesus que estou adorando? Qual é o meu testemunho do Cristo que sirvo a uma sociedade que enxerga Jesus tal como retrata esse “grafite”?

O apóstolo Paulo já dissera em 1Co 1:23 (NVI): “nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios“. Meu amigo, o Evangelho, para você, é escândalo ou A Verdade?

Para mim, a face do Cristo crucificado é a face do próprio Deus.

Leitura: Jesus among friends and enemies.

Jesus among friends and enemies
Jesus among friends and enemies

Esse livro foi indicado pelo Dr. Larry Hurtado em seu blog (http://larryhurtado.wordpress.com/2012/01/30/videos-jesus-among-friends-and-enemies/)

Não se trata de um estudo do “Jesus histórico” propriamente dito, mas sim da análise indireta da pessoa de Jesus através das pessoas que se relacionaram com ele. Toda análise é feita a partir dos Evangelhos Canônicos, levando em conta relatos “agraphos“, ou seja, relatos da vida de Jesus não-canônicos.

Os amigos de Jesus analisados na obra são: Deus e os anjos, João Batista, os discípulos, a família de Jesus, Maria Madalena, os amigos de Betânia e o “discípulo amado”. Já os inimigos de Jesus estudados são: Satanás e os demônios, líderes judeus, Herodes, Caifás, Pôncio Pilatos e Judas Iscariotes.

A obra termina com um capítulo voltado ao estudo do “Jesus histórico” através da análise dos amigos e inimigos de Jesus.

Abaixo, alguns videos de Chris Keith apresentando a obra:

Dados do livro:

  • Paperback: 352 páginas
  • Editora: Baker Academic
  • Língua: English
  • ISBN-10: 0801038952
  • ISBN-13: 978-0801038952