Teologia se faz de joelhos

Em primeiro lugar, em nome de todos os formandos, gostaria de glorificar a Deus e agradecê-lO pelo privilégio de hoje podermos estar aqui celebrando esse dia cheio de alegria e de significado para cada um de nós.

Como é de praxe dizer: completamos mais uma etapa de nossas vidas! E se tratando de uma formatura em Teologia, nossa alegria por esse momento se mistura a um profundo reconhecimento da responsabilidade que temos diante de Deus, de levar seu Evangelho, da melhor maneira possível, a todos.

Nos sentimos muito privilegiados e orgulhosos por toda educação teológica que recebemos. Dirigimos nossa gratidão a todos os nossos mestres, que, de maneira brilhante, nos ensinaram não apenas o saber teórico, mas também, nos transmitiram suas experiências de vida, sua devoção e amor a Deus. Aos nossos queridos familiares, agradecemos pelo incondicional apoio e orações. Sem o apoio de vocês, não estaríamos aqui. Também desejo agradecer à nossas igrejas que, além de todo o suporte, nos permitiram colocar em prática muito do que aprendemos nesse seminário.

A maior lição que levamos daqui é que o saber teológico deve produzir dentro de nós humildade. A labuta teológica não é um fim em si mesmo, mas um meio para que Cristo seja glorificado. Minha primeira disciplina aqui no seminário foi “Evangelhos” ministrado pelo Dr. Estevam Kirshnner. Sentei naqueles bancos pensando que sabia muito por ser um cristão de berço. Mas bastou a primeira aula para eu percebesse que tinha ainda muito a crescer e aprender. Essa foi a conclusão que tive da primeira aula. O mais engraçado é que saio do seminário ainda com essa certeza: sei muito pouca coisa.

Mas esse seminário não nos enfatizou durante esses anos apenas o aspecto do saber. Nosso diretor acadêmico, pr. Ziel Machado, na última disciplina que participei como aluno disse algo que sintetiza bem a conclusão desses anos de estudo: “A verdadeira teologia se faz de joelhos”. É claro que a hermenêutica adequada dessa afirmação não está na “literalidade” (se é que essa palavra existe) da sentença, mas sim, na absoluta convicção de que só podemos conhecer verdadeiramente a Deus na medida em que nos submetemos a Ele em humildade.

A Teologia que aprendemos, desde os aoristos e os hitpaels até as quatro páginas de pregação e de como lidar com o tema do MMA em nossa igrejas, deve nos levar a dobrarmos nossos joelhos e glorificar a Deus.

Não aprendemos a formular dogmas e artigos de fé incontestáveis. O que aprendemos foi reconhecer a graça de Deus mesmo quando foge do nosso alcance intelectual e espiritual respostas peremptórias de nossos próprios questionamentos.

Arrisco dizer que não saímos desse seminário com todas as respostas que gostaríamos de ter. Mas talvez, saímos com um pouco da sabedoria que assimilamos de nossos mestres: O Evangelho, muito mais do que nos apresentar respostas para tudo, nos ajuda a mudarmos os questionamentos e compreendermos assim a vontade de Deus para as nossas vidas.

Fazer teologia de joelhos significa contemplar a majestade de Deus, a soberania de Cristo, desfrutando da presença constante do Espírito Santo. Parafraseando J. I. Packer, a teologia que não nos conduz à doxologia é auto-adoração. Nosso pretenso saber teológico não pode servir para destacar diante de todos o brilhantismo de nossas mentes, mas apenas, e tão-somente, a grandeza e o poder de Deus, princípio e fim, o alfa e omega de toda a verdadeira teologia.

Em último lugar, penso que fazer teologia de joelhos é buscar conhecer a Cristo, nos unirmos a Ele e participarmos de sua morte, algo, que só poderemos fazer cientes da Sua grandeza e da nossa própria pequenez. Como declara o apóstolo Paulo, “quero conhecer a Cristo, o poder de sua ressurreição e a participação em seus sofrimentos, tornando-me um com ele em sua morte para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos” (Fl 3:10,11)

Amados formandos, nossa lição de casa é entender o coração de Deus através da Teologia para podermos servir, da melhor maneira possível, não somente nossas igrejas, mas todo o mundo. Eis o nosso desafio: levar a mensagem sólida e inabalável do Evangelho de Jesus a um mundo avesso ao próprio conceito de verdade, um mundo líquido, instável e perturbador.

Temos diante de nós um país com quase 200 milhões de pessoas e um mundo que beira aos seus 8 bilhões de habitantes. Se a ceara do Senhor já tem poucos trabalhadores, que Ele encontre em nós obreiros aprovados.

Meus irmãos e irmãs, à amada igreja que aqui está, composta das mais variadas cores, raças, nacionalidades, culturas e costumes, pedimos suas orações para que através do chamado de Cristo a cada um de nós, possamos ser instrumentos úteis e bem regulados nas mãos do nosso Deus.

Muito Obrigado.

* 14ª. formatura do Seminário Teológico Servo de Cristo, realizado em 02/03/2013 na Igreja Presbiteriana de Formosa em São Paulo

3 comentários sobre “Teologia se faz de joelhos

  1. Graça e Paz!

    Parabéns por este dia e ao todos os alunos e professores do Seminário, por mais uma etapa cumprida a serviço do avanço do Reino de Jesus.

    “Não são os grandes homens que transformam o mundo, mas sim os fracos e pequenos nas mãos de um grande Deus” (Hudson Taylor)

    Que possamos prosseguir cada vez mais com muito Amor, Temor e Tremor, nas grandes coisas que serão feitas para o Reino através de todos vocês.

    Que Deus continue abençoe grandemente a todos.

    PR. DOMINGOS MASSA

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